sexta-feira, 22 de maio de 2015

In SF: Tributo a um Nome Histórico do F C Felgueiras – o guarda-redes Zé Carlos Silva!


Na linha já habitual, mais uma evocação teve lugar na crónica usual escrita pelo autor para o Semanário de Felgueiras. Tendo então surgido agora vez de lembrar o antigo guardião José Carlos Silva, referência histórica felgueirense  dos tempos de campo de jogo ainda em terra - com a indicação do sobrenome português, aqui, para distinguir de outro mais novo, o guarda-redes brasileiro do mesmo nome que, mais tarde, defendeu também a baliza felgueirense, esse na época da estada do FCF na 1ª Divisão Nacional.

Desta recordação no firmamento felgariano damos nota com o correspondente texto, acompanhando a coluna respetiva publicada na página 12 da edição do jornal Semanário de Felgueiras desta sexta dia 22 de Maio.

Recordando Zé Carlos - o “Mãos de Ferro” Felgueirense

Estamos em tempo de cerejas, numa época primaveril abençoada na alegria dos dias de fulgor da natureza. Período que, como aquele fruto rosáceo que surge aos magotes, também tem motivos que vêm uns atrás dos outros.

Era assim há coisa de cinquenta anos, cinco décadas atrás no tempo, quando o futebol dava um ambiente suculento em terras de Felgueiras, perante a caminhada da equipa do Futebol Clube de Felgueiras rumo à então primeira subida de divisão. A pontos que, nas segundas feiras de manhã, depois de mais um jogo domingueiro da carreira da equipa azul-grená que ia dando maiores esperanças e provocava entusiasmo no ambiente pacato da vila dessas eras, havia alegria popular a saudar alguns jogadores do Felgueiras, dos que podiam passear pela feira semanal, por entre o muito povo entusiasta. Num colorido vivo como o apetite provocado pelas cerejas nesse tempo vendidas já nas tendas dos produtos campestres. Sendo admirados os futebolistas por uma grande franja da população local e graúdos e miúdos conheciam os nomes e fisionomias desses ídolos locais, à dimensão desse tempo. Alguns deles provindos doutras terras, mas depressa arreigados a Felgueiras. Homens que até se fixaram profissionalmente na região, como acontecia com o Pimenta, por exemplo, que viera dos lados de Resende, e o Zé Carlos, oriundo de Fafe, os quais entraram ao serviço da importante fábrica Metalúrgica da Longra e passaram a fazer parte da vida felgueirense.


Ora, o Zé Carlos – nome desta vez a merecer rememoração nestas deambulações memoriais – viera para Felgueiras defender a baliza da equipa felgueirense e era conhecido por “Mãos de Ferro”, devido ao seu valor se assemelhar, na ideia popular, ao antigo guarda-redes Barrigana que enchia a baliza do Futebol Clube do Porto com mãos seguras e, como tal, assim costumava ser referido por toda a gente do mundo da bola nacional. Derivado ao Barrigana ter vindo jogar ao campo do Felgueiras com a equipa do F C Porto, em jogo amigável, e aí ter sido cabeça de cartaz dos que viram o encontro apinhados contra os ferros dos lados do campo ou encarrapitados sobre as árvores ao redor.

O Zé Carlos, de nome oficial e completo José Carlos Rodrigues da Silva, começara a jogar nas camadas jovens do clube da Associação Desportiva de Fafe na década de cinquenta, onde atingiu notoriedade ao subir ao escalão sénior, depressa chamando as atenções de outros lados, acabando por vir para Felgueiras. Ainda o clube com o nome do concelho de Felgueiras não lograra ascender a um estatuto maior, quedando-se pela manutenção costumeira na divisão distrital mais baixa, ao tempo a 3ª Divisão da Associação de Futebol do Porto. De permeio passou a ombrear com Barnabé, guarda-redes famoso da história do futebol felgueirense. Até que na época em que se veio a dar a primeira subida de divisão, em 1964/1965, Zé Carlos teve como colega da baliza o guarda-redes Monteiro, enquanto na temporada seguinte, da segunda e consecutiva subida de divisão, o lugar defensor das redes foi também preenchido por Jorge, um bracarense conterrâneo do avançado Pacheco, o “careca King”. Tudo gente que jogou ao lado do célebre Sabú, primeiro, e Caiçara, depois.


Enquanto isso, Zé Carlos foi fazendo parte da mobília da casa, como figura familiar no Felgueiras e em Felgueiras. Acabando, após pendurar as luvas e as chuteiras, por ter ficado como treinador das camadas de formação do F C Felgueiras. Em cujas funções, entretanto, foi reconhecido oficialmente, sendo-lhe prestada uma festa de homenagem, a 3 de Julho de 1977, numa bela jornada desportiva cujo programa meteu jogos do Felgueiras e do Fafe, em Juniores e Seniores, incluindo a entrega da taça distrital e medalhas pela conquista respetiva da sua equipa de Juniores na época de 1975/76. E, ficou entre referências que perduram na memória coletiva, onde haverá sempre nomes merecedores de apreço, como Zé Carlos, o Mãos de Ferro de Felgueiras, que com brio e afeição defendeu as cores do histórico F C Felgueiras.


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