sexta-feira, 8 de maio de 2015

Artigo no SF, a puxar por memórias…


Mais um artigo chegou ao público leitor da imprensa regional, de autoria do autor deste blogue, através das páginas do jornal concelhio Semanário de Felgueiras. Desta vez, sempre na linha de temática felgueirense, a procurar chamar a atenção para o facto da memória deter importância.

Escrito este com a ideia subjacente de lembrar que a recordação permanece e, mesmo que possa haver quaisquer tentativas de apagar factos e ações do passado, nem sempre a omissão ou salto de salvação produz esquecimento.


Dessa crónica, expressando que, apesar de tudo, a memória também tem muita força, colocamos aqui (ao lado) a respetiva coluna e extensivamente o texto enviado para a edição do SF deste dia 8 do corrente mês, em cuja página 12 está impresso.

Memória Local

Estamos em período de festas com certo semblante na memória local. Como aconteceu há dias, no início do mês, com a Feira de Maio que sempre traz recordações e provoca animação, antigamente enquanto certame de cariz enaltecedor das potencialidades agrárias e nos dias que correm essencialmente de diversão; tal como mais no andar deste mesmo mês das flores ocorre ainda a festividade de Santa Quitéria, mais derivadas programações. Numa atmosfera ambiental que dá ser à vida, também, no aspeto de fazer parte da memória individual e coletiva marcada em todos e cada qual dos que se sentem ligados a uma realidade que é a identidade local.

Todos nós, por assim dizer, os que andamos pela terra, temos recordações recônditas de anos muito recuados, por vezes quase de tempos dos nossos primeiros anos. Ainda que algo ténue, há sempre alguma lembrança que ficou, sem se saber como e porquê, de qualquer coisa que se passou só connosco e como tal não poderia ser lembrada por outrem. Surgindo quantas vezes vislumbres de determinadas passagens, mesmo do rosto de nossa mãe a sorrir-nos de braços abertos; de como gostávamos do colo de nosso pai, de como ele, agarrando-nos e dirigindo a marcha, nos punha os pezitos sobre seus sapatos para andarmos através dos seus pés; de ouvir histórias da avozinha, e tudo o mais que ficou na retina desde então, há uns bons anos, já. Do mesmo jeito ficou mais tarde marcado o que foi ocorrendo de mais importante na vida e naturalmente acontecimentos a que se deu atenção em causas públicas. E, de modo mais ou menos vincado, em todos ficou sempre qualquer aspeto ou questão de interesse coletivo. Entre motivos que dão ser à memória coletiva.

Assim sendo, as festividades de cariz tradicional felgueirense têm certa ligação ao imaginário popular, entre o que toca à alma do povo que por aqui vive. Na substância das recordações de todos e cada qual. Tal como a imagem antiga do edifício dos Paços do Concelho, integrado num panorama que (desde o jardim principal e centro urbano) deixava ver atrás o Monte de Santa Quitéria e suas capelas pela encosta acima, qual quadro que logo trazia à ideia a festa concelhia dedicada a São Pedro, maila peregrinação de Agosto, a motivar arraial de merendeiros. Visão entretanto alterada, perante o que foi edificado, a estragar o que havia anteriormente naquela fisionomia quase familiar. Agora como que fazendo parte das conversas de recordações contadas aos filhos e netos, já. Quão está na recordação geral a mais antiga pérgula, também retirada das vistas do povo que por aqui anda. E certas mais ocorrências, que jamais se apagarão da memória coletiva.

Ora, como ainda há muita gente, por exemplo, que se lembra e fala do Sabú e equipa do seu tempo que há quase cinquenta anos subiu o F C Felgueiras pela primeira vez de divisão, mais do Caiçara de forte pontapé, do Zé Carlos “Mãos de ferro” e outros que entretanto também ficaram na história do futebol de Felgueiras; tal qual ainda é falada a Feira de Maio de antigamente com seus carrosséis, poço da morte e outras atrações no antigo campo da feira, sem esquecer diversos mais factos e ocorrências; igualmente, pensando em como, quando e por quem foi aprovado o que levou às correspondentes alterações, se lembrará sempre de como era o panorama do prédio da Câmara Municipal integrado em cenário com o Monte das Maravilhas por fundo do horizonte. Na linha de como houve a tal pérgula que antes embelezava o jardim central. E às tantas, daqui a anos, como foi (será) quando por aqui havia mais algumas dotações.

ARMANDO PINTO