sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

“Achega” sobre o 150º Aniversário do nascimento do "Senhor Aniceto", renomado Felgueirense, no Semanário de Felgueiras…


Há um ditado popular adiantando que ano de nevão é ano de pão. Ora este ano não houve nenhum nevão por estas bandas, por ora, e o ano está quase a acabar, faltando contudo algo da cultura da memória felgueirense, pelo menos… como será se não houver uma justa lembrança perante a memória de um felgueirense ilustre, como foi o maestro Aniceto Pinto Ferreira. Neste ano em que perfaz 150 anos desde o seu nascimento, numa conta completada já em Abril, até.

Foi então sobre esse tema que por estes dias escrevemos, na colaboração prestada à imprensa local quando solicitado, no Semanário de Felgueiras.

De tal artigo, publicado na página 2 da edição do SF desta sexta-feira, dia 12 de Dezembro, transpomos para aqui a respetiva coluna, em imagem digitalizada da edição impressa, e de seguida o texto correspondente, do original escrito.


150 Anos do Maestro Aniceto Ferreira

Costuma-se dizer que uma terra vale muito pelas pessoas que teve e tem, no conceito da semente gerada em bom solo, qual Mátria que se honra por seus bons filhos. Tal qual se distinguem as regiões pelas inerentes potencialidades, graças aos méritos produzidos.

Noutro conceito, vêm de longe, dos confins dos tempos, as notícias transmissoras que dão conhecimento de acontecimentos passados, tornando possível a existência de informações de antigas realidades, e conhecimento de pessoas, usos e costumes de antanho. Desde os tempos bíblicos da criação do mundo, embora a primeira nota não fosse exemplar, em determinados aspetos, segundo se constata pela tentação provocada por Eva perante Adão. Havendo depois a transmissão noticiosa passado sucessivamente, mais tarde e comedidamente, através das gravuras rupestres, que venceram a erosão do tempo e chegaram à atualidade. Até que surgiram os papiros e por fim o papel, em cuja maleabilidade chegaram tantas notícias impressas, que movem o mundo global.

Ora, no meio de toda essa transmissão noticiosa, é possível saber-se da boa matéria-prima que enobrece Felgueiras, havendo conhecimento das potencialidades felgueirenses e de bons filhos de Felgueiras criados nestas terras também com mel, segundo a simbologia do brasão municipal, atendendo à velha existência do gado de vento que ficou registado num dos forais que honraram um dos antigos Alfozes de Felgueiras…

Contudo, como é infeliz máxima desta terra, nem sempre Felgueiras tem sabido honrar seus melhores nomes, naquela sequência costumeira de mãe... e boa madrasta, que teima em ser a maneira Felgueirista. Tradição que urge erradicar e alterar, sendo já tempo de afagar a memória dos felgueirenses ilustres, por exemplo, como deve ser à mão de boa memória.

Vem ao caso que passa este ano, neste ano já a caminhar para o fim, a conta de 150 anos do nascimento do famoso maestro felgueirense Aniceto Pinto Ferreira. Um senhor cujo nome tem passado através das sucessivas gerações como um dos bons felgueirenses de sempre. Sendo personagem que teve de ser saliente para, passado século e meio, ainda ser lembrado, por quanto é constantemente referenciado – agora e há muito que já nem há ninguém de seu tempo, obviamente, mas ele continua como constante recordação.

Pois em devido tempo lembramos aqui, neste espaço publicista, e com muita antecedência, esta efeméride merecedora de apreço felgueirense. Através de crónica coeva à então passagem de 147 anos sobre a mesma data, em ocasião que desfiamos uma descrição de seu percurso curricular. E, enfim, chegou-se entretanto ao ano da comemoração correspondente, há já alguns meses, tendo sido a 8 de Abril que, em 1864, nasceu em Margaride-Felgueiras esse Aniceto Pinto Ferreira que, na sua passagem na terra, foi o primeiro regente da Banda dos Bombeiros Voluntários de Felgueiras, juiz de paz, professor de música, relojoeiro, garagista, etc, e maestro das bandas que tiveram continuidade na atual Banda de Música de Felgueiras, cujos sons dos instrumentos podem ainda chamar atenção à memória de tão ilustre antepassado.

Felgueiras não teve mais Anicetos desses, tal qual só houve um Dr. Costa Guimarães e uns Magalhães Lemos, Agostinho Ribeiro, Fonseca Moreira, Leonardo Coimbra, Francisco Sarmento Pimentel, Padre Luís Rodrigues e outros assim, do precioso legado deixado através dos tempos. Homens de boa memória, de conhecida naturalidade, nascidos de boa semente felgariana. Honre-se pois tal dignidade, sendo tempo de Felgueiras saber exaltar como deve ser o que teve e tem de melhor, dando honra ao mérito, ao que é genuinamente felgueirense.

Armando Pinto

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