terça-feira, 18 de junho de 2013

Diáspora Luso-Fel-Brasileira

Diáspora Luso-Fel-Brasileira

Na linha do apontamento anterior - porque o prometido é devido -  eis aqui um texto há muito escrito e entretanto publicado, em parcelas por alguns artigos, no Semanário de Felgueiras, sobre a expansão felgueirense. Que agora para aqui transpomos e partilhamos, em homenagem a um amigo conterrâneo, que  ao longe criou raízes. Entre diversos exemplares mais, no meio de tantos casos,  dos que patenteiam virtudes meritórias da comunidade Felgueirense ao longo dos anos ramificada por diferentes pontos do mundo, dispersamente aglutinada na referência de apoio identificativo da proveniência. 

Tudo isso se liga a uma espécie de diáspora (à letra a figurar dispersão), das gentes desta região que se dispersaram por outras comunidades e continentes. Com particular realce, no caso em apreço, para o referencial brasileiro que, em devido tempo, muito contribuiu para o desenvolvimento da terra-mãe, em tempos de surgimento de importantes dotações, como estradas, por exemplo – estas então longe de alguns transtornos que adviriam em casos de falta de planificação e resultantes prejuízos...

Ora, indo ao tema, desta vez juntando punhado de personagens embrionários do Concelho de Felgueiras, que se distinguiram além-fronteiras e particularmente em terras de Vera Cruz, atente-se no legado memorial que honra o concelho de Felgueiras em ser terra natal de figuras de gesta assinalável. Como foi o percurso curricular de uns quantos empreendedores dignos de menção, de existência distante no tempo entre si mas, em contributo ao desenvolvimento da grei lusófona, unidos pelo denominador comum da origem Felgariana.

Assim, indo por partes, perante Felgueiras, a terra do pau vermelho do Brasil teve e incute forte ligação da parte do peito Sousão Felgueirense. Inicialmente na descoberta, em cujo desembarque participara Nicolau Coelho (personagem que primeiro entrou em Porto Seguro). Em seguida continuou a merecer também com um sucessor daquele capitão navegador, sabendo-se que Duarte Coelho, nascido no Porto mas de linha familiar de Sergude-Felgueiras, foi Senhor da Capitania de Pernambuco. Deparando-se depois natural povoamento, ao qual se intrometeu período de invasão estrangeira desse pedaço então integrante de Portugal, também houve comparticipação de gente de Felgueiras na colonização brasileira através de António Castelo Branco. Esse fidalgo, de Pombeiro, foi um dos tripulantes da armada de 26 navios, enviados para libertar a Baía da ocupação holandesa, em 1625.

Outro caso, esse porém de cunho algo lendário, ou seja sem pormenores exactos além da transmissão popular, é o que consta na tradição da edificação da primitiva capela do Espírito Santo de Barrosas, do concelho de Felgueiras, estar ligada ao filão brasileiro. Com efeito, sobre a edificação original da actual imponente igreja mosteiral, diz-se haver sido derivada a fortuna feita no Brasil. Construída por promessa de um personagem conhecido por Domingos de França, atendendo à difusão provinda por via oral. Conta-se que ali havia aparecido uma imagem de Cristo Crucificado, descoberta aos olhos de um pastor que apascentava rebanhos naquele alto. Em vista da ocorrência, fosse da forma que foi, o mesmo pastor prometeu construir no local uma capela, mas como não tinha dinheiro para concretizar esse desejo, emigrou para o Brasil e, tendo ganho o bastante, no retorno conseguiu satisfazer o anseio, em 1672, ficando em território do concelho de Felgueiras satisfeito o voto pelo aludido Domingos de França (da freguesia de Santo Estevão de Barrosas, hoje do concelho de Lousada).

Mais tarde, após a independência do Brasil, outro Felgueirense impregnou chancela de sangue Rúbeo pelas mesmas bandas de Santa Cruz, mediante sucesso obtido no Brasil por um emigrado de nome Joaquim Pereira Marinho. Homem que, tendo rumado em demanda do novo país da América do Sul e se fixado além-mar também na antiga capital do Brasil, se destacou na actividade empresarial na Baía, onde possuía imponente mansão, construída em estilo colonial português com característica pintura de azulão. Ele, originário de Vila Cova da Lixa, atingiu então patamar distinto, pois que, além de abastado negociante e proprietário de navios integrantes de rotas comerciais com Portugal, foi 1º conde, visconde e barão, títulos concedidos por D. Luís em 1869, 1874 e 1881, respectivamente, bem como foi agraciado com a Ordem de N.ª S.ª da Conceição. Veio a falecer na Baía em 1887, com 81 anos, tendo a sua residência apalaçada sido transformada em edifício amplo onde passou a funcionar importante hospital da cidade.

De entre as remessas de muitos portugueses, sobretudo nortenhos, da grande debandada luso-expansionista provocada pela emigração para o Brasil no século XIX, como nos anteriores, estiveram naturalmente também muitos mais Felgueirenses, como comprovam resquícios conhecidos através de laços sanguíneos luso-descendentes, de patrícios fixados naquela grande nação irmã; como ainda nas construções edificadas pelos denominados brasileiros de torna viagem, os emigrados que regressaram e, inclusive, contribuíram para o desenvolvimento local, de Felgueiras, na transição do século XIX até às primeiras décadas do século XX.

Entre os que em número elevado se enraizaram na terra de Vera Cruz sabemos, por exemplo, de um caso, entre muitos, de umas famílias Leite Fernandes e Teixeira Leite, de gente oriunda de Jugueiros, onde seus ancestrais possuíam propriedades rústicas, e que foram para o Brasil na segunda metade do século XIX, estabelecendo-se no Rio de Janeiro com comércio de tecidos. Na evolução familiar e temporal, dois dos seus membros, por iniciativa de António Leite Fernandes Carvalhal, junto com um primo de nome António Pereira Pinto Carvalhal, chegaram a possuir importante firma carioca, a Casa Carvalhal, que era ao tempo detentora exclusiva do fornecimento da fazenda caqui para os uniformes do exército brasileiro. Estes informes chegaram-nos por correspondência, em busca e troca de informações, a propósito de pesquisa da sua consanguínea genealogia antepassada, feita pelo Eng.º Carlos Freire Machado, do Rio de Janeiro, descendente desses ramos familiares de origem Felgueirense – o qual tem elaborado uma cartilha estudiosa de sua árvore genealógica, que muito amplia o fortalecimento historicista das relações Luso-Brasileiras (conforme consta de seu livro “os Freire Machado”, publicado em 2008).


            Relacionado com um estabelecimento de felgueirenses em pleno Brasil, no caso, também, junta-se como ilustração uma imagem apropriada (esta acima), tratando-se duma loja de negócio de um sr. Teixeira da Lixa que foi para o Brasil e por lá ficou com a família à beira, sendo casado com uma filha do sr. Luis Gonçalves da Longra.

Também se conhece o nome de Francisco Martins Sampaio, oriundo do Unhão, da casa de Moinhos, que deixou marca e importante descendência no Brasil, para onde emigrou e se instalou nos inícios do século XVIII, tendo ganho sucesso como comerciante em Cachoeira, da Baía-Brasil. Ele registou em cartório seus negócios «com moeda corrente e ouro em pó». Demonstrou sua afeição à terra-natal enviando ouro para ornamentar a igreja de S. Salvador do Unhão, onde ele e os seus foram baptizados e seus pais sepultados. O seu percurso, derivado à ligação genealógica, levou inclusive a importantes estudos de uma sua descendente, D. Lygia Sampaio, também pintora de renome na Baía, que escreveu importante memorial das suas raízes familiares (livro “De Sam Payo a Sampaio”, ed. 2006), algo que será mui relevante na literatura de costado e na historiografia dos laços Luso-Brasileiros. E da qual, inclusive, é a gravura que ilustrará a primeira página no interior deste memorando (livro a ser publicado futuramente, portanto), da memória colectiva da terra e gente Felgueirense.

Por um estudo, de Pedro Wilson Carrano Albuquerque, sobre a “Árvore de Costado de Fábio de Oliveira Barbosa” (relativo aos ancestrais daquele ex-Secretário do Tesouro do Brasil), sabe-se que também nesse cipoal genealógico ficaram laços Felgueirenses, no percurso da correspondente genealogia, atendendo às origens provenientes de seus heptavós. Havendo emigrado para o Brasil um ramo da família de, pelo menos, Domingos Vaz e Luísa Sobreiro, de Borba de Godim da Lixa, e de Álvaro de Sousa e Mariana de Magalhães, de Rande, do concelho de Felgueiras (com a curiosidade de se notar, pelos respectivos registos, que na época em Rande havia um lugar chamado Aldeia de Baixo, onde vivia esse casal no século XVII, em local entretanto deixado de ser assim chamado no decurso dos anos). Tendo essa família, entretanto, se esbracejado por diversos sítios em redor e inclusive aportado em terras brasileiras, com sucesso evidente.

Igualmente, por esses lustros de antanho, Custódio Pereira de Carvalho, de Santão-Felgueiras, emigrou para o Brasil, tendo embarcado em 1790 rumo à terra de que ouvia maravilhas, em busca de desenvolver natural inclinação empresarial. Aí se empregou numa casa comercial de S. Salvador da Baía, depois adquiriu uma casa de comércio, até que comprou uma feitoria para exploração de algodão, dedicando-se posteriormente à exportação algodoeira e de especiarias, criando canais de comércio com Portugal, Espanha e Inglaterra. Após entretanto haver regressado a Portugal e ainda se ter dedicado à política, havendo chegado a ser membro de uma Convenção Adicional entre Portugal e Inglaterra, transferiu-se por fim para a Velha Albion. Em Londres seduziu-se pelo sector alfandegário, onde instalou dois Armazéns Gerais de Alfândega, um na City Londrina e outro em Liverpool, com que colheu grande honra internacional. Tendo-se entregado ainda a escrever, publicou em jornais sobre suas ideias comerciais e ideais políticos. Salientou-se sobremaneira na faceta de benemerência humanitária e de criador de algumas escolas públicas, em diversas freguesias do concelho de Felgueiras e de concelhos vizinhos. Veio a falecer em Londres, corria o ano de 1854, sendo seu corpo trasladado no ano seguinte para a sua terra natal (no ano em que seu sobrinho, Rebelo de Carvalho, como Deputado às Cortes e Par do Reino, contribuiu para a criação da Comarca de Felgueiras).

Distingiu-se deveras, por outro lado, Hemetério José Pereira Guimarães, de Varziela, o qual, emigrado e instalado no Brasil, exerceu em duas localidades o lugar de vice-cônsul de Portugal. Antes de regressar a Felgueiras, em 1883, onde depois desempenhou cargos municipais e foi mesário da Confraria de Pedra Maria, vindo a falecer em 1899.

Ainda no século XIX partiu para o Brasil José Pereira Nobre, natural de Borba da Lixa, o qual, depois de anos de trabalho, amealhou pecúlio que lhe valeu rendimentos apreciáveis no regresso, com que custeou uma das mais belas instruções vertidas em livro... Pois, após o retorno endinheirado, tendo ainda vivido na Lixa depois de casar, com uma senhora de Recesinhos de Penafiel, se fixou por fim na cidade do Porto e aí foi pai do celebrado poeta António Nobre (do “Só, o livro de poesia mais lírico, triste e dos mais belos de Portugal).


Enfileirando em tal escol, entre outros mais exemplos possíveis, merece igualmente realce António Fonseca Moreira, Felgueirense que também no Brasil se projectou no sector comercial, a par com actividade de autor teatral, chegando a ter peças com êxito em salas no Rio de Janeiro. Natural de Sendim, onde viu a luz do dia em 1841, foi sócio de algumas agremiações brasileiras de diversos géneros, entre as quais a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. Na manutenção de vínculo pátrio à terra natal, propiciou a criação da casa de teatro de Felgueiras, a que foi dado seu nome, inaugurada em 1921 com uma peça de sua lavra; de permeio com legados deixados ao município e instituições do concelho, como à própria freguesia natal, tendo falecido no Brasil em 1938.


Sensivelmente contemporâneos dessa era, outros ilustres conterrâneos de modo idêntico vincaram amor pátrio ao torrão de berço, no regresso de auspicioso labor em chão brasileiro, como, entre outros mais, uns Agostinho Ribeiro (1848-1916) e Luís de Sousa Teixeira (1846-1938), benfeitores das Misericórdias de Felgueiras e do Unhão (conforme foi já referenciado no nosso “Memorial Histórico...”, anteriormente publicado, no qual o currículo de Luís Teixeira ficou desenvolvido). Agostinho Cândido de Sousa Ribeiro, depois de seu regresso do Brasil, custeou a edificação do então Hospital novo da Misericórdia de Felgueiras, deixando depois à mesma Misericórdia sua fortuna, com a condição de ser construído um asilo para crianças desvalidas, a quem foi dado o nome de sua esposa, o actual Lar Maria Viana.


Também na transição desses tempos, partira para o Rio de Janeiro um então jovem recém-formado que frequentara a Universidade de Coimbra e concluíra o curso da Academia Militar de Lisboa, chamado Henrique Pinto Ferreira. Natural de Felgueiras, onde nasceu em 1883, depois de chegar ao Brasil ali se diplomou ainda em Medicina Industrial e Farmacêutica. Tendo-se fixado de seguida em Petrópolis, onde constituiu família, ali veio a descobrir vocação de educador, integrando inicialmente o quadro docente do Colégio Luso-Brasileiro, até que, mais tarde, acabou por instalar em 1927 um colégio seu, o Ginásio Pinto Ferreira. Contudo, mais dado ao mister didáctico que à respectiva gestão administrativa, aquele mestre poucos anos dirigiu por sua conta esse estabelecimento de ensino, tendo-o vendido a um compatriota. Continuou porém a leccionar, tornando-se um admirado professor de Petrópolis, especialista em História Universal e do Brasil, tal como dotado professor de diversas matérias desde o latim, a línguas vivas e matemática, sendo reconhecido como académico efectivo da Academia Petropolitana de Letras e agraciado pela Academia Brasileira com o Prémio de Crítica José Veríssimo. Na mesma terra adoptiva faleceu em 1948 e a cidade homenageou-o com atribuição de seu nome a uma rua do centro histórico de Petrópolis, enquanto amigos, alunos e admiradores lhe erigiram um monumento, perpetuando-lhe publicamente a fisionomia e, sobretudo, sua memória num busto evocativo.

Outro Felgueirense que se elevou em terra brasileira foi José Joaquim Oliveira da Fonseca, na transição do séc. XIX para o XX. Ganhou saliência no Rio de Janeiro, onde se dedicou ao alto comércio e se integrou na vida social carioca-fluminense, fazendo parte do Grémio Republicano Português. Através de frequentes viagens de saudade à sua terra (conforme notícias na imprensa local, sobretudo nos primeiros tempos da I República de Portugal), foi um benemérito na sua terra natal, nomeadamente no âmbito da instrução (nas escolas de Margaride), como também na urbanização de terrenos de sua propriedade no centro da então vila de Felgueiras, algo que levou a ter sido honrado na toponímia da mesma sede do concelho. Onde edificou como sua residência um palacete, conhecido por Casa das Torres (projetado por Luís Gonçalves, da Longra), prédio esse que hoje pertence ao município e alberga diversos meios sociais.


Ganhou raízes no Brasil, igualmente, um outro Felgueirense dado pelo nome de Alberto Baltazar Portela, o qual chegou a ser Dirigente do clube desportivo Vasco da Gama, ficando ligado à vida e história do grande clube brasileiro (em cujas actividades se manteve ligado durante muitos anos, a pontos de ainda em 1959 ter feito parte da lista vencedora às eleições directivas pela facção”Tradição Viscaína”). Enraizado assim no universo brasileiro, manteve e continuou porém, desde o horizonte do Pão de Açúcar, a ter laços afectivos ao torrão natal, patente em acções de apreço manifestadas, graças à situação de sucesso granjeada. De cujo arreigo pátrio resultou que houvesse tido acções filantrópicas, cheias de grata sensibilidade, também para a sua terra, havendo sido benemérito da antiga Escola Primária da Longra, à qual, por volta da década dos anos trinta (séc. XX), doou diverso mobiliário e outros apetrechos, assim como costumava oferecer muitas prendas às crianças da mesma escola. Derivando disso que, sempre que regressava do Brasil, anualmente, era alvo de calorosa recepção na própria escola.
De uma dessas ocasiões, se junta uma pose de recordação, de toda a gente da escola com o seu patrono, conforme ficou registado em fotografia de conjunto contando a sua presença – que aqui se revela.


= Baltazar Portela com as crianças, na companhia da professora, da Escola Primária da Longra – na década dos anos 30, do séc. XX.

Foi Baltazar Portela também benfeitor da Associação Pró-Longra, agremiação de desenvolvimento local, integrando a lista dos primeiros beneméritos subscritores de fundos para a sua fundação. Em apreço a todas as suas dádivas bairristas, foi dado seu nome a um dos primitivos campos de basquetebol da Longra, numa das antigas versões do clube local, na década de 40, recinto desportivo então chamado “Campo Baltazar Portela”.

Mais elementos de origem Felgueirense, ao longo de sucessivas gerações, engrossaram a colónia portuguesa no Brasil, quer pela via da emigração como por motivos ideológicos de regime governamental, sendo de destacar entre os exilados políticos os irmãos General João Maria Sarmento Pimentel (1888-1987), que residiu muitos anos em Rande-Felgueiras, e Coronel Piloto-Aviador Francisco Sarmento Pimentel (1895-1988), mesmo natural de Rande. Os quais, perseguidos pelo Estado Novo, depois de feitos heróicos que lhes valeram diversas condecorações portuguesas, muito enobreceram a comunidade lusa em São Paulo. Exilados políticos durante quase meio século, desde 1927 e 1936, respectivamente, radicaram-se nesse chão rico com estatuto conseguido ante conquistada posição, mantendo-se assim na nação acolhedora após a queda da ditadura em Portugal, encontrando-os a nova situação portuguesa, saída do 25 de Abril de 1974, com a sua vida e dos seus bem assente nesse país irmão. Ambos foram membros fundadores da Casa de Portugal de São Paulo-Brasil, na qual João S. Pimentel foi também Presidente na gerência de 1940/41. Tendo a ligação sido tão profunda que, por exemplo, foi dado o nome do mesmo mais velho a um estabelecimento de ensino em território paulista, acontecendo que desde 1989, por promulgação do Governador do Estado de São Paulo, ficou a denominar-se “Escola João Sarmento Pimentel” a «Escola Estadual de primeiro grau Jardim Colonial/Três Marias, Distrito de Itaquara, São Paulo, Capital.»

= Os irmãos João e Francisco Sarmento Pimentel, já nos seus últimos anos de vida, em São Paulo, no Brasil.

Marca bem impressa deixa Lucas Teixeira, no Brasil, onde se fixou em Piracicaba-São Paulo, através de carreira no campo da arte de iluminuras e livros de versos. Obra que, na segunda metade do século XX, desenvolveu esse mesmo cidadão português Armando Teixeira. Natural de Varziela-Felgueiras, usou artisticamente o nome Lucas, com que professara religiosamente esse antigo frade beneditino e posteriormente pseudónimo do mesmo artista secular – conforme texto separado, que lhe dedicamos, também neste volume (no tal livro projetado, recorde-se).

Prestigia igualmente os laços Felgueirenses o cidadão António José da Costa Pereira, nascido na Longra, da freguesia de Rande, e que no Brasil veio a impor sua chancela ao deixar vínculo especial da Longra, onde se encontra ainda pujante de vida e entusiasmo. Emigrado de Portugal para o Brasil, saiu da Longra com 20 anos, em 1953, depois de ter trabalhado na fábrica Metalúrgica da Longra; e, instalado profissionalmente em Cordeiro, cidade do Estado do Rio de Janeiro, granjeou posição social que lhe permitiu ser benemérito por terras brasileiras, tendo ajudado a construir a Casa Paroquial de Cordeiro e os balneários do campo de futebol local. O seu rasto ficou ainda mais impregnado com a criação de um hotel em Cordeiro, decidindo baptizar esse seu pertence como Hotel Longra, ou seja dando-lhe o nome da saudosa terra que lhe serviu de berço natal. Este Felgueirense é Cidadão Honorário de Cordeiro, tendo aí exercido também as funções de deputado e vogal do PT, Partido político de implantação no Brasil. Mantendo aí seu estatuto bem sucedido, com uma situação familiar digna de registo, tal a bonita prole familiar que o abraça, qual continuidade de seu sangue que sua descendência orgulhosamente perdurará.


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Estes são apenas alguns dos exemplos possíveis, de ficarem enumerados neste rol. Quantos mais haverá, por certo, dos quais tão só não nos poderemos deter por falta de notícias, do muito que naturalmente não chega a um mais vasto conhecimento. Mas, mesmo assim, nesta galeria incompleta, dá-se ideia do quanto representou e marca representação para sempre a presença Felgueirense no Brasil, quer dos que regressaram bem abastecidos, como dos que se mantiveram bem posicionados naquela nação talismã.


Em sentido completamente inverso, já em 2003, seguiu para o Brasil a então presidente da Câmara Municipal de Felgueiras, Dr.ª Fátima Felgueiras, nascida no Brasil e residente em Felgueiras, com dupla nacionalidade. A qual protagonizou rocambolesca “estória”, no seguimento do que ficou conhecido como “caso saco azul”; cuja história, mesmo depois do retorno verificado em 2005, ainda não tem a necessária distância temporal que acontecerá com o passar do tempo.

ARMANDO PINTO


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