sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Histórias à volta da Casa das Torres – Crónica no Semanário de Felgueiras


Ainda de fresco que está a inauguração da Casa das Torres, em Felgueiras, franqueadas que foram as portas desse pólo de cultura há poucos dias, e no mesmo âmbito da campanha que dedicamos ao reconhecimento do autor da engenharia da mesma edificação, publicamos mais algumas notas descritivas sobre a mesma temática em mais um artigo saído a público no jornal Semanário de Felgueiras, no seu número desta sexta-feira. Com material retirado dum excerto do livro que escrevemos para a ocasião, mas não chegou a ser editado, entretanto...


Dessa passagem, aproveitada para o efeito de reforçar mais o tema, partilhamos agora recorte da respetiva coluna incluída na página 12 da edição impressa do SF de 7 de Dezembro passado presente.

(Clicar sobre este recorte digitalizado, para ampliar e ler) 

Do mesmo trecho, para mais fácil leitura, como tem sido norma, colocamos o texto revertido conforme o original datilografado: 

Histórias Estiradas da Casa das Torres 

Abertas oficialmente as portas ao público, após obras de transfiguração operadas, a Casa das Torres de Felgueiras impõe-se no panorama estrutural da identidade Felgueirista. Numa visão algo transcendente, a que não é alheio o passado que transporta em suas linhas, por sinal da autoria dum felgueirense, Luís Gonçalves, cujo perfil já apresentamos aqui em crónicas anteriores. 

Tal lavra, da planta do edifício saída do estirador felgueirense, ajusta mais interesse em torno do personagem em apreço, entre temas de histórias estiradas, no relacionamento à própria edificação - como ficou expresso em painéis expostos durante a inauguração, conforme o que escrevemos para o efeito (do que a imagem anexa dá parcial visão).


Assim, esse felgueirense de nome Luís Gonçalves era oriundo duma cepa artística, visto seu pai ter sido um artista pedreiro na arte da construção civil, como mestre-de-obras, especializado em talhar a pedra. Com efeito o progenitor, natural de Braga, onde andou na escola de cantaria, viera para Felgueiras graças aos seus dotes de lavrar as pedras, artisticamente, num tempo de grande profusão de construções graníticas. Sendo aquela uma época em que se faziam muitas casas imponentes. Com esse surto de progresso e mudanças, ganharia ainda raízes na região José Gonçalves – assim era o nome completo do patriarca da família - acabando ele por se radicar nestas paragens sousãs, por via do trabalho e por se haver deixado prender diante duma moça dos sítios que frequentava, com quem veio a contrair matrimónio. Tendo casado com essa jovem senhora, de nome Maria Joaquina, duma família conhecida por Matos, sobrenome que porém não ficou no respetivo livro dos registos de batizados de Rande, paróquia donde ela era natural. O Sobrenome do chefe de família, ainda em português arcaico, escrito na forma Gonçalvez, passou a Gonçalves no registo de matrimónios de Rande, em cuja igreja paroquial foram recebidos os noivos, ao pé do altar-mor, ainda com uma pintura de S. Tiago, abaixo da banqueta central que já então era encimada pelo presbitério decorado com uma tela representativa da adoração do Santíssimo (com anjos em genuflexão perante a hóstia e o cálice, num lindo e valioso painel que até há pouco - retirado que foi em 2012 - havia a cobrir o trono)… 

Adiante. Juntos os trapos do bragal e as limpezas de dote, ficou o casal a residir na vizinha freguesia de Sernande, onde havia uma casa de herança familiar, no lugar da Piedade. Nessa herdade nasceu o filho Luís, antes de todos se terem mudado, de malas e bagagens, até outra residência posterior, para a casa que ficou a servir de habitação permanente, no lugar de Casal Côvo, da freguesia de Rande – uma acolhedora e rustica quintazinha toda murada (hoje conhecida por Casa das Ferreiras). 

Enquanto isso, em virtude da posição assaz estável da família, derivado ao trabalho bem remunerado e melhor apreciado do progenitor, o jovem Luís, após aprendizagem das letras escolares, foi estudar desenho para Braga, com vista a ganhar bases mais importantes na linha familiar de construção. Ficando aí em casa de uma tia, que o acolheu durante sete anos de duração dessas noções mais adiantadas, que metiam Estudos Sociais. Com tal bagagem, regressou depois, mas, em vez de prosseguir a tradição familiar, enveredou pelo ensino, passando a dar aulas como mestre-escola, na sala de aulas do Unhão. De permeio cumpriu ainda serviço militar, como Lanceiro da Rainha. E seguiu sua vida, casando depois, por sua vez, tornando-se até um homem de respeito. A pontos de, entretanto, haver ocupado o cargo de Presidente da Junta de Rande. Estava então no auge de solicitações para fazer plantas de casas, havendo no panorama grande afluência de obras, por via do filão brasileiro. Foi sensivelmente por essa época que lhe foi encomendado o desenho para ser construída a Casa das Torres, na então vila de Felgueiras. Tornando-se Luís Gonçalves autor da planta da mesma vivenda, cuja edificação decorreu aí a meio da segunda metade da segunda década do século XX. Entre 1915 a 1917/18, visto em 1919 já ter sido captada em imagem que foi publicada no número de 02 de Junho de 1919 da “Ilustração Portuguesa”. 

© Armando Pinto


Natal no Comércio Tradicional da Longra


Aí está o Natal quase à porta, com iluminações cintilantes e montras decoradas a preceito, no caso. 

Seria bom que pudesse haver sempre Natal na vida das pessoas, no estado de alma, mas também na envolvência bonita que esse período de paz anímica provoca, enquanto bem estar interior que sentem as almas bem intencionadas. Contudo, sendo a vida como é, há que valorizar o que mais tem valor, simplesmente, deparando-se assim o Natal e outras ocasiões especiais, aos olhos mundanos, como bens do mundo afinal. Assim, o Natal é como é e deve ser apreciado dentro das melhores possibilidades e boas vontades. 

Como tal, no espírito comemorativo da quadra, em apreço, sempre se associa criança com lembrança, na ideia dos presentes, quer entre miúdos como graúdos, dentro da criança que há dentro do sentimento geral, em todos nós. Desempenhando aí um papel deveras atrativo o ambiente das compras, em cujo âmbito existe o chamado comércio tradicional, pela convivência movimentada dentro e fora de portas, fazendo parte dos momentos associados à simbologia e magia festiva do sortilégio natalício.


Nesse prisma, desta feita ilustramos um aspeto ambiental da dinâmica local, no nosso meio conterrâneo, através de imagens de uma das lojas comerciais da Longra – a “Casa Linda”, no Edifício Nova Longra - tomando o todo pela parte, que nos toca também.




© Armando Pinto 


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